Campello e Eurico falam em fraude na apuração dos votos para o empréstimo
Alexandre Campello e Eurico Miranda afirmaram que os votos para a aprovação do empréstimo de R$ 38 milhões foi fraudada.
O Conselho Deliberativo (Code) do Vasco foi alvo de mais polêmica na noite desta sexta-feira. Em reunião que durou até o início da madrugada deste sábado, por apenas um voto de diferença – 89 a 88 -, a votação do empréstimo de R$ 38 milhões junto ao Banco Daycoval foi adiada – sem previsão de nova data. Na saída da sede náutica do clube, onde ocorreu o encontro, o detalhe ficou por conta de o presidente Alexandre Campello e o presidente do Conselho de Beneméritos Eurico Miranda terem falado em fraude na apuração do resultado da votação.
– O resultado foi fraudado. Votei pela aprovação. Não vai depender do Conselho Fiscal p… nenhuma. Contagem foi fraudada, mas esse empréstimo será aprovado com toda certeza – afirmou Eurico Miranda, que disse ainda que na semana que vem acontecerá outra votação, apesar de não ter tido confirmação de previsão por parte de Roberto Monteiro, presidente do Deliberativo, responsável pelas convocações.
– Foi uma decisão política. Quem votou contra não pensou no Vasco. As exigências que foram feitas foram descabidas, o Conselho Fiscal pelo estatuto não deveria se pronunciar. Entendemos que há um desejo de atrapalharem a nossa gestão. Temos dados sugestões para todas as adversidades. Há um questionamento do resultado, na nossa contagem houve uma diferença de votos. Contamos 90 a 81. Mas não tem problema não. Entendemos que na semana que vem voltaremos aqui e esse empréstimo será aprovado – destacou Alexandre Campello.
Desde o início da semana a expectativa nos bastidores era por um resultado apertado – como acabou acontecendo. Eurico Miranda votou pela aprovação, indo contra aos membros do grupo “Casaca” – no fim do encontro, ocorreu um bate-boca entre os próprios partidários. O grupo “Sempre Vasco”, liderado pelo ex-candidato à presidência Julio Brant – que não compareceu por estar em viagem fora do Brasil -, votou majoritariamente pelo adiamento – Nelson Sendas foi um dos que optou pela aprovação. Foi o grupo, inclusive, que protocolou o pedido com este fim.
Com primeira convocação às 20h e segunda às 20h30, a reunião acabou atrasando, começando depois das 21h. A primeira pauta do dia era a aprovação das atas dos encontros anteriores do Deliberativo. Rogério Peres, vice-presidente jurídico do Vasco, acabou renunciando ao cargo de 1º secretário do Code justificando que as atas foram adulteradas, expondo, inclusive, este fato aos conselheiros presentes. De acordo com o dirigente, este ato foi a gota d’água para a renúncia ao cargo, já que não concorda com medida desta forma.
Depois de superado o assunto das atas, Alexandre Campello apresentou aos conselheiros, em slides, toda a situação financeira do Vasco. Foi enfatizado que o empréstimo bancário do Vasco teria juros de 0,96% ao mês, menor do que a taxa cobrada pelo mesmo banco para o Flamengo – 1,03%. Foi detalhado, também, a garantia dada pelo Cruz-Maltino para esta operação – cotas referentes aos direitos de transmissão dos jogos do Vasco na televisão junto ao Grupo Globo, de 2019 até 2023. Projeções e fluxo financeiro também foram apresentados por Alexandre Campello.
Diretoria de Alexandre Campello enxerga como fundamental a aprovação do empréstimo para o equilíbrio financeiro do Vasco até o fim do ano. Na decisão, ficou-se a alegação é de que ainda se faz necessários esclarecimentos sobre a forma como o dinheiro do empréstimo será gasto. Nova tentativa de votação deve acontecer apenas depois que o Conselho Fiscal (CoFi) analisar os documentos financeiros da atual diretoria, com o comando de Edmilson valentim, presidente do órgão do clube. Um aprofundamento sobre o tema deve ser realizado pelo dirigente do CoFi.
Os ânimos exaltados também foram vistos na saída da sede náutica do Vasco. Um conselheiro afirmou que “ganhou a falência do Vasco”. Outro disse querer “ver fazerem vaquinha para pagar salário de setembro”, sobrando até pelo pedido de quem irá assumir o cargo de técnico do Vasco – um conselheiro afirmou “depois querem que contratem o Abel Braga”. Representante do Conselho Fiscal, Otto Carvalho afirmou que ficou claro na apresentação que a partir de setembro o Vasco não terá mais dinheiro para honrar os seus compromissos devido ao adiamento da votação do empréstimo.
– Votação tumultuada. Tenho mais de 30 anos de Conselho de Vasco. Pela primeira vez vi uma apresentação de números para obtenção de empréstimo. O Conselho Fiscal, pelo estatuto, não tem que dar parecer sobre empréstimo. Isso foi uma votação política. Claramente foi mostrado que a partir de setembro não tem mais dinheiro. Campeonato Brasileiro é difícil, imagina se faltar dinheiro para jogador no fim do ano? – indagou Otto Carvalho (assista abaixo a íntegra da declaração do dirigente).
No início da madrugada deste sábado, a “Sempre Vasco” se posicionou em nota oficial. Confira abaixo.
“É importante lembrar que o revanchismo rasteiro nunca nos guiou, o que foi demonstrado ao votarmos “não” para o processo de abertura de sindicância contra Alexandre Campello, como também ao aprovarmos o empréstimo do Carlos Leite com condições ruins, mas que se tratava da única alternativa naquele momento.
Nos últimos dias, pedimos a apresentação da operação financeira para a obtenção de empréstimo de R$ 38 milhões. Foi realizada uma reunião com slides e números que não detalharam dados importantes para uma operação financeira com tamanha complexidade. Reiteramos o pedido de demonstração destes dados, mas não recebemos. Slide é uma narrativa e detalhamento documentado é responsabilidade.
No papel de contribuir para buscar soluções efetivas para os problemas financeiros do clube defendemos o adiamento da decisão.
Conforme carta apresentada ao Conselho Deliberativo é preciso TRANSPARÊNCIA e, portanto, que se apresente os DOCUMENTOS básicos (Balanço auditado de 2017, Demonstrativos trimestrais de Março e de Junho de 2018,…) e CONTRATOS que demonstrem a necessidade e as condições do referido empréstimo, além do PLANO ORÇAMENTÁRIO oficial contendo TODOS OS DESTINOS E USOS DOS RECURSOS.
Com a fragilidade e a superficialidade da estratégia financeira apresentada na reunião prévia existe o eminente risco do DESCUMPRIMENTO do PROFUT, o que trará graves e irreparáveis consequências para o futuro do Vasco. O Vasco ficará quase inviável.
Portanto, para aumentar o grau de FISCALIZAÇÃO E CREDIBILIDADE do uso dos recursos, solicitamos a criação de um COMISSÃO PARITÁRIA cujo o objetivo será acompanhar o destino dos R$ 38 Milhões, garantindo que o Plano Orçamentário seja realizado e disponibilizando as informações para todos os Poderes do Club, Conselheiros, Sócios e Torcedores.
Não reprovamos o empréstimo. Demos uma solução para aprová-lo com responsabilidade, transparência e fiscalização.
Só com boas práticas de governança poderemos avançar.
E que fique, definitivamente, CLARO que ilações irresponsáveis e avulsas antes de momentos de tanta importância para o futuro do Vasco da Gama tumultuam o ambiente do clube e apenas ajudam aos que lucram com o caos”.
Lancenet