Antônio Lopes volta ao Vasco após polêmica superada em Joinville
Antônio Lopes foi diretor de futebol do Athletico, quando aconteceu a briga no jogo que o Vasco da Gama foi rebaixado em 2013.
Técnico de uma das épocas mais vitoriosas do Vasco, Antônio Lopes foi anunciado recentemente como coordenador técnico do Cruz-Maltino. O retorno a São Januário acontece após uma polêmica de anos antes — quando houve até pedido de exclusão do nome dele do quadro de sócios —, mas que, ao que parece, está superada.
Presente no quadro de sócios do Vasco pelas benfeitorias que fez ao clube, Antônio Lopes, em 2013, era diretor de futebol do Athletico-PR. A última rodada do Campeonato Brasileiro daquele ano reservou um duelo entre o Furacão e o Cruz-Maltino, que lutava contra o rebaixamento e ficou conhecido como a barbárie de Joinville.
A partida, que tinha mando do Athletico-PR e foi realizada no estádio do Joinville, ficou marcada por uma briga entre as torcidas na arquibancada, que deixou quatro feridos e fez o duelo, inclusive, ser paralisado.
Durante toda a confusão que se deu, a diretoria vascaína, encabeçada pelo então presidente Roberto Dinamite, se mostrava contrária à retomada do jogo, alegando não haver condições de segurança para tal. Antônio Lopes, do outro lado, foi incisivo ao afirmar que teria de manter o duelo.
A partida foi retomada, terminou com uma goleada de 5 a 1 do Atlhetico e com o Vasco rebaixado para a Série B do Brasileiro.
Dias depois, Antônio Lopes, em depoimento ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), acusou os vascaínos de terem furado o bloqueio feito pela segurança para dividir as torcidas.
“Eu estava localizado em camarote quase centralizado. Do meu lado direito, atrás do gol, estava a torcida do Vasco, separada em um espaço muito grande, onde não tinha ninguém. Mais adiante, a torcida do Atlhetico-PR. A partida se desenvolvia normalmente. Com relação ao problema da briga, em determinado momento, tive a minha atenção despertada para o lado direito. A torcida do Vasco furou o bloqueio e, nisso, também a do Atlhetico veio na direção, e começou a confusão. A briga continuou, fiquei lá em cima uns 20 ou 30 minutos. Dirigentes do Vasco começaram a entrar em campo e também desci para ver o que estava acontecendo. Dinamite e [Antônio] Peralta [ex-vice], conversando com o árbitro, e o delegado da partida tentando tirar todo mundo. O pessoal do Vasco queria que o árbitro interrompesse a partida. Começou aquela discussão, o Vasco alegando que não poderia haver jogo, mas o árbitro disse que havia garantia suficiente e os policiais estavam chegando ao estádio. Foi reiniciado e transcorreu normalmente”, disse Lopes, na ocasião.
Com base o artigo 213 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que prevê punição aos times que “deixam de tomar providências capazes de prevenir e reprimir desordens na praça de desporto”, o STJD puniu o Vasco com a perda de oito mandos de campo, sendo quatro com portões fechados, além de multa de R$ 80 mil.
A atitude do hoje coordenador técnico cruz-maltino desagradou alguns torcedores e conselheiros do clube de São Januário na época. Na oportunidade, Leonardo Gonçalves, que era líder do grupo político “Cruzada Vascaína”, protocolou uma carta em que sugeria a expulsão de Lopes do quadro de sócios, indicando os artigos 34 e 35 do estatuto, que regem que um sócio pode ser excluído se “causar grave dano ao clube”.
O assunto, porém, foi superado. Gonçalves, inclusive, fez elogios à chegada de Antônio Lopes ao Vasco.
“Pelo grupo não posso falar porque não pertenço mais à Cruzada, posso falar por mim. Na época, era uma indignação geral, de todos os vascaínos, não apenas da Cruzada. Ficamos indignados com a postura dele que, na nossa visão, não coadunava com o fato de ser sócio do Vasco. Entendemos que ele é profissional e pode defender outras agremiações, mas defender uma coisa errada contra o Vasco, é complicado. Se fosse algo certo, o Vasco estivesse errado, tudo bem, mas este não era o caso. O Athletico-PR estava todo errado”, afirmou Gonçalves, que completou:
“Mas o tempo passou, o Lopes tem uma história no Vasco de vitória, e é, realmente, vascaíno. Não vejo problema, passou. Na época, acho que, ao menos uma punição, poderia ter tido, mas pode ser que, realmente, a exclusão fosse exagerada pelo histórico dele. Não tem o menor problema de vê-lo no Vasco e torço para que dê muito certo neste trabalho, juntamente com o Ramon [Menezes, novo treinador do clube carioca]. Acho que ele pode agregar na função, deu certo no Athletico-PR, no Botafogo. Ao meu ver, foi uma escolha acertada diante do quadro do Vasco de hoje.”
Uol