Ação do PT na eleição do Vasco gera mal estar no partido

Ação do Partido dos Trabalhadores na eleição do Vasco da Gama causou polêmica entre os membros do partido.

Respectivamente, Jorge Salgado e Leven Siano
Respectivamente, Jorge Salgado e Leven Siano

A eleição do Vasco chegou a patamares inimagináveis. Após o Solidariedade ingressar com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) solicitando que o candidato Leven Siano tome posse como presidente, o Partido dos Trabalhadores entrou com um pedido para ser parte interessada no processo. A movimentação jurídica, porém, causou polêmica e dividiu a sigla internamente. A repercussão negativa acabou fazendo com que o PT recuasse e desistisse de se envolver no pleito do clube.

O UOL Esporte teve acesso à peça, assinada pelos advogados Angelo Longo Ferraro, Marcelo Winch Schmidt e Miguel Filipe Pimentel Novaes. Logo na primeira página, aparece em destaque que o ato está representado por seu “diretório nacional e por sua Presidenta, Gleisi Helena Hoffman”.

Imediatamente após a ação se tornar pública, vascaínos passaram a questionar a deputada federal (PT-PR) em seu perfil no Twitter, e a mesma respondeu a uma internauta dizendo que a sigla entrou a pedido do ex-deputado Wadih Damous, filiado ao partido e que foi contratado por Leven Siano para advogar em sua causa nas batalhas jurídicas do processo eleitoral cruzmaltino:

“A ação não é do PT. Entramos apenas em apoio à ação principal que defende a aplicação do estatuto do clube, a pedido do ex-deputado Wadih Damous”.

Ocorre que, pouco tempo antes da postagem de Hoffmann, Damous, em entrevista ao “ge”, afirmou que “não tinha nada a ver” com a ação. O UOL Esporte tentou contato com o advogado, mas até o fechamento da reportagem ele não retornou.

Integrantes do PT afirmam que assunto não foi tema

As críticas dos que não concordam com o envolvimento do partido em um assunto relacionado a um clube de futebol em meio a uma pandemia fizeram com que algumas lideranças do PT se posicionassem de maneira contrária.

Secretário nacional de Cultura do partido, Márcio Tavares respondeu a uma postagem da sambista vascaína Teresa Cristina afirmando que a sigla irá retirar a ação.

“Querida Teresa Cristina, concordo [a artista foi uma das pessoas que criticou]. O PT irá retirar a ação. A direção do partido não tinha deliberado a respeito e, sabendo da iniciativa, imediatamente, decidiu por retirar. O PT vai seguir focado na renda, democracia e ações coletivas relevantes para a dignidade do povo”, escreveu Tavares no comentário.

O Diretório Nacional do PT não tinha deliberado a respeito de uma ação sobre a eleição no Vasco da Gama. A direção do PT ao saber do tema, decidiu corretamente por cancelar e retirar a ação.

O PT vai seguir como sempre na luta pela democracia e pelos direitos do povo brasileiro.

Márcio Tavares (@marciotsantos) January 12, 2021

Outro que afirmou que o assunto não passou pelo diretório do partido foi o secretário nacional da Juventude do PT, Ronald Sorriso.

“Não passou pelo diretório nacional a decisão de intervir no processo jurídico do Vasco da Gama, sobretudo em favor de Leven Siano. É surpreendente que alguém creia que a prioridade de um partido de esquerda seja essa e estamos lutando pra reverter! O Vasco é dos vascaínos!”, postou Sorriso.

Não passou pelo Diretório Nacional da decisão de intervir no processo jurídico do Vasco da Gama, sobretudo em favor de Leven Siano.

É surpreendente que alguém creia que a prioridade de um partido de Esquerda seja essa e estamos lutando pra reverter!

O Vasco é dos Vascaínos!

Ronald Sorriso Juventude Petista! (@SorrisoJPT) January 11, 2021

Antes de o PT decidir recuar, vascaínos simpatizantes do partido já haviam criado uma petição pública criticando o posicionamento jurídico da sigla no pleito cruzmaltino.

Partidos recomendaram votos a favor de lei sobre eleições online

A movimentação jurídica do Solidariedade e do PT na eleição do Vasco causou ainda mais surpresa considerando como os partidos se posicionaram no Congresso diante do projeto de lei que influenciou diretamente no pleito vascaíno.

Ele alterou a Lei Pelé e assegurou a clubes e demais associações a votação não presencial em função da pandemia do coronavírus. Na ocasião, ambas as lideranças das siglas recomendaram votos a favor da aprovação do projeto.

Foi partindo deste princípio do voto online, por exemplo, que o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) validou a vitória do candidato Jorge Salgado, da “Mais Vasco”, na eleição virtual cruzmaltina do dia 14 de novembro de 2020.

Nas ações movidas em relação ao pleito vascaíno, porém, Solidariedade e PT haviam se manifestado justamente no sentido contrário e a favor da eleição do dia 7 de novembro, que ocorreu de maneira presencial em São Januário, com mais de três mil votos e que, em apuração polêmica, declarou Leven Siano vencedor.

A peça jurídica do Solidariedade – que o PT havia pedido para entrar como parte interessada – foi baseada em uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), que consiste em “evitar ou reparar lesão a preceito fundamental decorrente da Constituição, resultante de qualquer ato (ou omissão) do Poder Público”. O relator do caso no STF é o ministro Dias Toffoli.

Vale lembrar que Leven Siano já havia ingressado com uma ação no Supremo Tribunal Federal para tentar validar a eleição presidencial do dia 7. Na ocasião, porém, a ministra Carmen Lúcia negou o recurso.

Vascaínos pressionam o Solidariedade

Após verem o PT recuar, vascaínos contrários à intervenções de partidos políticos no clube se encorajaram a convencer o Solidariedade a tomar o mesmo caminho e também retirar a ação. Nas redes sociais, perfis de deputados da sigla e emails corporativos dos mesmos foram divulgados para que fosse feita uma pressão no sentido de demovê-los da ideia.

Um dos mais procurados foi o deputado federal Aureo Ribeiro, presidente do Solidariedade no Rio de Janeiro, que respondeu a diversos seguidores dizendo que a ação não partiu de seu núcleo e o assunto sequer passou por lá.

Fonte: UOL Esporte

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2 comentários
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    É tudo iniciativa da crazy hoffmann! Mas partido que tem presidente deste perfil, não pode desejar ser respeitado!

  • Responder

    A ação do PT é que gera um mal estar vascaíno

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