Abel tem semana cheia para acertar ponteiros e planejar estreia na Taça Rio
Após classificações, Abel Braga tem mais tranquilidade para fazer ajustes no Vasco e se planejar para a estreia na Taça Rio.
A torcida do Vasco está desconfiada e tem motivos para isso. O time foi eliminado na Taça Guanabara e se classificou – com sustos – na Copa do Brasil e na Sul-Americana. Apesar das muitas dificuldades, avançou. De fase nas competições que prioriza em 2020 e em alguns aspectos técnicos e táticos.
Embora a duras penas, com empate contra o Altos-PI (1 a 1) e vantagem de um gol (1 a 0 no Rio e igualdade sem gols na Bolívia) diante do Oriente Petrolero no mata-mata, Abel ganha tranquilidade após ter de iniciar a temporada com um elenco enxutíssimo. Perdeu peças importantes, como Rossi, Henríquez e Richard, e demorou a ter a confirmação do retorno de Fredy Guarín, pilar do esquema de Vanderlei Luxemburgo no fim da temporada.
Some-se a isso a delicadíssima situação financeira que, invariavelmente, mexe com o elenco. Depois de tirar o peso das costas de sua equipe com as vagas conquistadas, o treinador agora tem uma semana cheia para acertar ponteiros e planejar a estreia na Taça Rio, no próximo dia 29, contra o Resende, às 19h, em Volta Redonda.
Dúvidas no meio e criação cresce após jogo contra o Petrolero
Nos três primeiros jogos em que Abel levou força máxima no ano, contra Bangu (0 a 0), Boavista (1 a 0) e Cabofriense (0 a 1), o Vasco foi muito pobre na criação.
O treinador encantou-se com os treinamentos de Gabriel Pec, mas o garoto não correspondeu nos jogos. Testou Juninho, destaque vascaíno na Copinha, porém, o jovem também oscilou.
Abel sentiu ter encontrado o time na primeira partida contra o Oriente Petrolero, no último dia 5, em São Januário, com as entradas de Andrey e Marcos Júnior. Não escondeu a satisfação em coletiva após a vitória por 1 a 0 sobre o bolivianos. O motivo? Criou bastante.
Finalizou 16 vezes, perdeu chances incríveis com Marcos Júnior e fez gol – apesar de marcado em posição irregular – após jogada muito bem construída, com lançamento de Pikachu, cruzamento de Talles e letra de Cano.
Embora o Vasco pudesse ter deixado São Januário com um placar elástico, Abel ganhou uma saída de bola mais qualificada com Andrey e intensidade e presença de área com Marcos Júnior.
A única coisa que ainda pode fazer Abel ter dúvidas em relação ao meio-campo para a sequência do primeiro semestre é a oscilação de Marcos Júnior. Jogou bem contra o Petrolero no Rio, mas perdeu duas chances cristalinas. Depois, foi mal contra a Portuguesa. Terminou o empate com o Altos-PI como o melhor em campo, porém, voltou a cair no duelo derradeiro com o Petrolero, em Santa Cruz de La Sierra.
Pisar mais na área, como pede Abel, é preciso
Abel não esconde o apreço por jogadores “que pisem na área”, e Marcos Júnior lhe deu isso a partir da vitória contra o Petrolero. Aumentar essa infiltração dos homens que vêm de trás pode trazer resultados positivos a partir do segundo turno.
De acordo com o site de estatísticas Footstats, o Vasco alternou demais o estilo de suas finalizações no Campeonato Carioca. Foi o time que liderou o quesito (por não ter seus jogos transmitidos, o Flamengo não entra na conta), com 77 (26 certas e 51 erradas).
Das 77 finalizações, 39 foram de dentro da área e 38 fora dela. Empate técnico. Buscar a penetração na área, além de caminho natural para os gols, pode ser um dos atalhos para o crescimento do Vasco.
Das 39 finalizações dentro da área, o Vasco acertou 19 na direção do gol (48,7%). Das 38 disparadas fora dela, apenas sete acertos (18,4%).
Entrar na área significa estar perto de Cano, que sobra no quesito “finalizações certas”. De 16 feitas no estadual, 12 foram na direção do gol. Marrony, por exemplo, finalizou 13 vezes, mas só acertou uma.
No empate por 1 a 1 com o Altos-PI, também de acordo com o Footstats, o Vasco pisou mais na área. Foram 25 finalizações, 16 dentro da área (nove delas na direção do gol). De fora, foram nove e apenas uma certa.
Nesse jogo específico, além do gramado em péssimas condições, faltou pontaria. Talles Magno perdeu chances incríveis e Cano desperdiçou duas boas oportunidades.
Resumo da ópera: defesa sólida, pontaria a ser acertada
Com nove jogos na temporada, Abel e seus comandados já têm alguns diagnósticos bem claros para si: o poder de fogo do Vasco melhorou, porém, é preciso acertar o pé para evitar sustos como os ocorridos nos finais dos jogos com Altos e Petrolero. São apenas seis gols na temporada (0,66 por jogo). Em contrapartida, observa-se uma solidez defensiva com o mesmo número de gols sofridos, menos de um por partida.
Uma das lideranças vascaínas, Fernando Miguel destacou isso após o empate com o Petrolero. É necessário botar a bola para dentro, porém o fato de o Vasco chegar mais já animou o goleiro e seus companheiros.
– Acredito que se tivéssemos um pouquinho mais de tranquilidade na penúltima e última bola, as coisas não se arrastariam até o último minuto, e nós teríamos uma classificação um pouco mais tranquila. Mas vamos valorizar o que temos feito de bom: as oportunidades que temos criado e a velocidade com que temos chegado no contragolpe à frente. Vamos muito felizes ao Brasil com a classificação – disse Miguel.
A folia está chegando, e o “mestre de bateria” Abel Braga tem dias para curtir um pouquinho na avenida e posteriormente fazer com que a evolução apresentada nos últimos jogos dê harmonia ao time e proporcione uma comissão de frente capaz de constituir um enredo de gols e vitórias para o Vasco.
Globo Esporte