Venda de Marrony rende mais uma polêmica

A venda do atacante do Vasco da Gama, Marrony, ao Atlético-MG, rendeu mais uma polêmica, e o jogador será notificado.

Já apresentado oficialmente pelo Atlético-MG, o atacante Marrony segue rendendo polêmica nos bastidores. Além das investigações em torno da venda de 10% de seus direitos econômicos por parte do Volta Redonda, o jovem agora precisará lidar com uma notificação que recebeu na última quinta-feira (25) que o acusa de “quebra de contrato” em 2018, após assinar com seus atuais representantes.

O caso ao qual o UOL Esporte teve acesso ainda envolve mais duas pessoas conhecidas, principalmente no universo tricolor: Sandro Lima, ex-vice-presidente de futebol do Fluminense, e Deley, ex-jogador do clube das Laranjeiras e ex-deputado federal (PTB-RJ).

Na outra ponta está Rodolpho Cezar Ferreira. É ele quem diz que assinou um contrato de representação com Marrony em outubro de 2017 e argumenta que, na ocasião, tinha como “parceria de trabalho” a dupla tricolor. Além disso, no documento, possuía como testemunhas o pai do jogador, seu Wellington, e o próprio Sandrão.

Rodolpho alega que pouco tempo depois de conduzir toda a negociação para o primeiro contrato profissional de Marrony com o Vasco, em 2018, o jovem passou a ser muito assediado, e foi então que o ex-vice-presidente de futebol do Fluminense teria feito a intermediação de agenciamento com a “TFM” (ex-Traffic) sem o seu consentimento.

“Após eu obter informação extraoficial de que o Sandro Lima havia realizado reuniões sem o meu conhecimento com a Traffic/TFM, entrei em contato para entender o que acontecia, e o mesmo me informou da avançada negociação que ele e o pai do Marrony conduziam juntos. Em seguida, me enviou um e-mail para análise de um ‘termo de acordo/ parceria’ que estava alinhando sem eu ter qualquer conhecimento”, disse Rodolpho ao UOL Esporte.

Segundo o antigo representante, ele respondeu o e-mail de Sandrão com 27 observações sobre o termo de acordo, mas não teria recebido nenhum retorno, tomando conhecimento posteriormente, através da imprensa, de que Marrony havia assinado, de fato, com a TFM.

“A postura do Sandro Lima em toda condução do assunto foi extremamente surpreendente, quase que inacreditável. Realizou algumas reuniões com a Traffic/ TFM sem o meu conhecimento e resguardou seus interesses pessoais. Lamentável”, declarou Rodolpho.

Procurado pela reportagem, Sandro Lima não quis se aprofundar sobre o tema, e alegou apenas que conhece Marrony e sua família há anos.

“Eu conheço o Marrony desde seus 14 anos. O pai dele era da minha geração e o padrinho do irmão estudou comigo. Sou amigo da família e eu o ajudei, mas ele é representado pela TFM. Só isso que tenho a dizer”, ressaltou ao telefone Sandrão, que deixou a vice-presidência de futebol do Fluminense em 2013 para evitar “conflitos de interesses”.

Rodolpho não quis fornecer a cópia de seu contrato de representação com Marrony ao UOL Esporte alegando que há uma cláusula de confidencialidade.

Esta já é a segunda notificação a Marrony

Em 2019, Rodolpho Cézar notificou Marrony pela primeira vez por quebra contratual “após esgotar as possibilidades e esperar uma aproximação para solução”. O jogador, por sua vez, apresentou uma contra notificação e o caso se arrastou.

Na última quinta-feira (25), porém, Rodolpho o notificou novamente, desta vez representado pelo conceituado advogado Marcos Motta, e agora aguarda um prazo de cinco dias para que Marrony apresente suas justificativas.

“Nosso entendimento é que o contrato é valido, o Marrony quebrou o contrato e já o notificamos. Peço que ele se pronuncie em relação às minhas alegações e justifique a quebra de contrato. É uma notificação extrajudicial. Vamos ver como ele responde”, disse Marcos Motta.

Atacante Marrony

Rodolpho diz que livrou Marrony de dispensa no Vasco

Rodolpho Cézar também se mostra magoado com a postura de Marrony ao assinar com a TFM desta maneira que alega, revelando que teria o ajudado a permanecer no Vasco após casos de indisciplina do jovem nas categorias de base:

“Por muito pouco o Marrony não foi dispensado do Vasco por conta de indisciplina. Nunca teve compromisso com a escola, o que era determinante para o equilíbrio e desenvolvimento social que a diretoria conduzia à época junto da parte esportiva. Bem como as faltas constantes aos tratamentos médicos e de fisioterapia para sua reabilitação quando esteve lesionado. O clube me ligava e quando eu buscava entender o que acontecia, tinha a informação de que o jogador já estava em Volta Redonda. Retornava do final de semana apenas na segunda-feira e se atrasava com frequência para o início dos treinos. Precisei trabalhar incessantemente junto à diretoria para demovê-los da ideia de dispensa, e é essa atitude [suposta quebra de contrato] que recebi como agradecimento do jogador e sua família”.

A TFM – que atualmente representa Marrony – preferiu não comentar sobre o assunto. Já Deley não atendeu às ligações do UOL Esporte.

Uol

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