Opinião: Vasco tem de estar à altura de sua torcida

A diretoria do Vasco da Gama precisa aproveitar o bom momento de união com a torcida para melhorar a situação do Clube.

Nesta temporada, ao menos no segundo semestre, foi muito difícil não priorizar como temas de debates e resenhas a performance espetacular do Flamengo, e o inédito rebaixamento do Cruzeiro. Mas, não fossem esses pontos fora da curva, o movimento feito pelo torcedor do Vasco, tornando-se, em poucos dias, o líder na estatística do sócio-torcedor, deveria ser muito mais badalado, porque histórico. Importantíssimo: não surpreendente. Quem se surpreendeu com a força dos vascaínos definitivamente não conhece a história do Vasco da Gama, como um dos maiores fenômenos de massa ao lado de Flamengo e Corinthians, apenas com um pouco menos de gente.

O torcedor do Vasco deu uma resposta perfeita ao momento vivido pelo maior rival. Em vez de ficar lamentando ou desdenhando das qualidades do Flamengo, em vez de querer puxar o concorrente para baixo, os vascaínos se uniram para gritar: nós também somos gigantes. Diferente do que fizeram dirigentes do passado, para que os anos do Vasco se resumiam a “um campeonato à parte, ganhando do Flamengo”. E diferente até do que fez Vanderlei Luxemburgo, com todos os inegáveis méritos que teve neste seu ressurgimento no futebol, por fazer tudo o que o time podia apenas no 4 a 4 diante do Rubro-Negro – se jogasse mais vezes como naquela noite, chegaria na pré-Libertadores.

Agora, façanha feita, é a hora de a diretoria do Vasco se colocar à altura do torcedor. O mundo ideal seria criar condições para que esses sócios-torcedores virassem sócios efetivos do clube e que tivessem acesso ao sempre conturbado processo político do clube. O Vasco, que tem uma história linda de realizações sociais e esportivas, está longe de ser um clube democrático, e isso deveria mudar.

Mas se pensarmos apenas em um próximo passo, a diretoria tem a obrigação de dar algo em troca dessa devoção. Em português claro, montar um time capaz de brigar por títulos maiores do que o Estadual – e não apenas por Sul-Americana ou para não cair. Porque a paixão pelo Vasco jamais acabará. Mas a paciência e a capacidade financeira acabam, ninguém é capaz de prever o futuro do país, da economia, do próprio emprego.

Hoje, o torcedor do Flamengo sabe que se comprar o ingresso vai ver um time brigando pelo gol até o fim mesmo se o jogo não valer nada – pode até, raramente, ser goleado como foi pelo Santos, mas o ponto é que o consumidor rubro-negro sabe que receberá um bom produto. Se a diretoria do Vasco for preguiçosa, para ser gentil com Alexandre Campello (que sempre me tratou com muita deferência quando eu era setorista e ele médico do Vasco), esses mesmo torcedores que começaram a pagar a mensalidade simplesmente vão parar de pagar…

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