Vasco quer criar cursos técnicos para jogadores que não vingarem
Paulo Angioni quer criar cursos técnicos e oficinas de profissionalização para os jogadores da base, visando ajudar àqueles que não vingarem.
Profissional do futebol há 36 anos e atualmente no Vasco da Gama, justamente onde começou a carreira, o diretor Paulo Angioni luta para implementar no clube carioca um novo conceito no futebol brasileiro. O dirigente quer criar cursos técnicos e oficinas de profissionalização para os jogadores das categorias de base, visando ajudar àqueles que não vingarem no esporte.
“Esse conceito é um conceito antigo, que eu já entendo que de muito tempo os clubes deveriam alfabetizar os jogadores, os clubes poderiam ofertar aos atletas das categorias de base aulas técnicas, pois entendo que nem todos aqueles que tentam formar jogadores de futebol acabam formando jogadores de futebol”, contou Angioni, em entrevista ao ESPN.com.br.
O diretor já conversou com o presidente Eurico Miranda, que apoiou a ideia e deu liberdade ao diretor para brigar pelo projeto. Agora, Angioni tenta conseguir verba da Lei do Incentivo ao Esporte para por em prática seus conceitos, de olho em integrar na sociedade os jovens que não conseguirem dar certo no futebol.
“Eles chegam em uma idade de 20 anos e acabam fazendo uma peregrinação buscando espaço para ser jogador de futebol. E quando isso não acontece, eles com 23 ou 24 anos, estão totalmente fora do conceito de cidadania, pois não tem nenhuma formação, ou tem muito pouco para o mercado do trabalho de hoje. Então eu entendo que os clubes de futebol poderiam com certeza criar uma oficina dentro dos próprios clubes para ofertar por meio de testes de vocação cursos de profissionalização para esses meninos”, explicou Angioni.
“Assim, além da especialização como atleta, eles teriam um conceito de alfabetização, agregando também uma experiência de um curso técnico, poderia mesclar com conceitos de uma língua inglesa, de espanhol fluente, conceitos de informática, ou que seja de marcenaria, de carpintaria, de bombeiro hidráulico, o que seja, para que possa dar a ele uma perspectiva de ele se inserir no mercado de trabalho, pois ele fica sem ter o que fazer com seus 20 anos e já fora do futebol”, continuou o diretor.
De acordo com Angioni, pelo menos metade de todos os jogadores que lutam para ingressar no futebol acabam fracassando, e muitos deles, posteriormente, acabam ficando sem opções de sustento. O fato é uma realidade no Brasil, onde milhares de jovens brigam todos os dias para ingressarem nos clubes e realizarem o sonho de viver em função doe esporte.
“A quantidade de pessoas desempregadas que existe em todas as áreas é grande, não é só na de jogador de futebol, mas o que mais me preocupa é o jogador de futebol que não tem nenhuma formação. Os outros profissionais têm formação, pois têm caminhos para procurar, geralmente são pessoas formadas que têm cursos universitários. Mas o jogador de futebol em si não tem preparo. Ele tem apenas uma alfabetização e isso me preocupa bastante”, analisou Paulo Angioni.
No Vasco, já funciona uma escolinha que atende os atletas de base do clube e vai até o segundo grau. A ideia de Angioni seria implementar também oficinas que funcionariam de forma integral, sem atrapalhar os treinamentos dos jogadores. O clube está tentando colocar o projeto em prática, mas o desejo já começou a sair do papel, uma vez que pelo menos o “ok” do presidente do clube já existe.
“Queremos trazer um incentivo, criar essas oficinas e colocar em funcionamento no futuro, para que se ele não conseguir ser atleta, possa seguir uma profissão no futuro. Não temos prazo, mas existe a ideia conceitual já entendida. Agora, iniciar isso, para isso depende de muitas coisas. O presidente se preocupa muito com isso e a coisa deve vir a acontecer”, contou o diretor de futebol cruzmaltino.
“Acredito que em um curto espaço de tempo o Vasco possa implementar isso. Acho ótimo, acho que os clubes deveriam ter se proposto a isso há algum tempo. Estive em um fórum há algum tempo e disse isso. Já tive mais de três encontros para discutir esse tema e três encontros do Footlink olímpico. No último encontro que tive estive participando na mesa e falava isso, que os clubes deveriam se atentar mais à questão da cidadania, pois no dia de hoje está difícil. Tem cada vez mais gente interessada em se tornar jogador de futebol”, finalizou Paulo Angioni.
Espn